Estava eu num curso de graduação superior que não gostava, cheio de
gente na minha sala que não eram meus amigos e que nem eu queria ser deles.
Mas um dia conheci um cara de lá e a simpatia rolou na hora. Depois conhecemos mais gente que agregamos ao nosso grupo de desajustados. Alice, Denis, Vinicius, Janaína, eu e o impronunciável.
Alice era uma menina loira, de olhos azuis, de aparência feminina e delicada. Ouvia rap, andava de tênis de skatista, boné, camiseta do Corinthians e pra nossa idade, era a mais politizada de nós todos.
Mas um dia conheci um cara de lá e a simpatia rolou na hora. Depois conhecemos mais gente que agregamos ao nosso grupo de desajustados. Alice, Denis, Vinicius, Janaína, eu e o impronunciável.
Alice era uma menina loira, de olhos azuis, de aparência feminina e delicada. Ouvia rap, andava de tênis de skatista, boné, camiseta do Corinthians e pra nossa idade, era a mais politizada de nós todos.
Denis era desengonçado, feio, coberto de espinhas,
engraçado, divertido, descontraído e o alvo da zoação.
Vinicius era magro, cabelos longos e lisos, baixo e falava
coisas desconexas, fazendo todos rir, era também um verdadeiro enciclopédia humana,
sobre tudo ele sabia.
Janaína, era linda, inteligente mas não demonstrava, metida
a pin up, a mais bem sucedida de nós, até mesmo por estar no fim do curso que o
resto dos membros do grupo era ingressante.
E o impronunciável
era um cara bem curioso e simpático. Que não se chamava impronunciável, claro.
Se chamava João. Mas me acostumei a pensar que pronunciar o nome dele mesmo que
mentalmente era ruim. Enfim, meia hora conversando com ele, e ele se
interessaria pela sua vida como se te conhecesse há muitos anos. Era alto,
magro, com traços de quem no futuro ficaria um pouco mais gordo. Cabelo liso
escuro porém cabeça rapada. Pele clara, algumas espinhas, bochechas rosas,
nenhum sinal de barba.
Todos tínhamos entre 17 e 23 anos. Todos odiávamos nosso
curso na faculdade. Todos tínhamos críticas mordazes a sociedade. E no fim, nos
completávamos.
Então, apareceu o Roger.
Não que o Roger tenha sido um problema, mas ele era demais
para nós.
Ele era popular, todos conheciam e conversavam com o Roger.
Todos. Da faculdade inteira.
Roger era bonito e descolado, era alto, magro, sorriso
cativante, andava de um jeito peculiar, todos os caras queriam ser como Roger.
Usava óculos e parecia ainda mais culto. Era um geek musical. Era inteligente e
antenado. Era O cara.
E por sua proximidade com Vinicius, devido a debates longuíssimos
sobre neurolinguística que ambos tinham as vezes, ele começou a se aproximar de
nós, os desajustados.
Não era surpresa nenhuma que João e Janaína estavam juntos
ocasionalmente. Mas não era nada sério, era uma brincadeira.
Da mesma forma que o grupo todo incentivava que rolasse algo
entre eu e Denis, sem nem sonharem que eu era completamente apaixonada pelo impronunciável. Foram saber quando não éramos
mais um grupo.
Roger então, cativou Alice, depois cativou a mim como amiga e me tornei sua confidente. Depois cativou João
e acabou por cativar Janaína.
E se apaixonaram perdidamente, e João não gostou nada disso.
E foi o primeiro racha em nosso grupo.
Eu era louca e secretamente apaixonada por João, e era
confidente de Roger e de João.
Um dia estava eu e ele a ensaiar umas musicas para um festival de bandas universitárias que João havia me chamado para participar, dentro de uma sala que tinha uma mesa de ping pong, na faculdade. E entrou Roger e Janaína, sem perceber, aos beijos. João saiu da sala furioso e Roger foi atrás se explicar, e tive que separar uma briga feia entre os dois.
Um dia estava eu e ele a ensaiar umas musicas para um festival de bandas universitárias que João havia me chamado para participar, dentro de uma sala que tinha uma mesa de ping pong, na faculdade. E entrou Roger e Janaína, sem perceber, aos beijos. João saiu da sala furioso e Roger foi atrás se explicar, e tive que separar uma briga feia entre os dois.
Depois disso, tive que ficar me dividindo entre ouvir as
lamurias de Roger e os xingamentos do impronunciável sobre Roger.
Até que um dia, conversando com Alice sobre esta merda toda, ela disse que consertaria a briga dos dois.
Até que um dia, conversando com Alice sobre esta merda toda, ela disse que consertaria a briga dos dois.
Eu não sei o que ela fez, mas um dia, ao entrar na faculdade
e ir para o lugar onde sempre ficávamos: o jardim de inverno de uma luminária
só, vi Roger e João abraçados, chorando, se jurando como irmãos.
Eu mal sabia que aquele era o começo do meu fim.
***esta crônica faz parte de um conjunto de crônicas que tratam dos mesmos personagens, todas identificadas com o marcador "Janeiro"***
***esta crônica faz parte de um conjunto de crônicas que tratam dos mesmos personagens, todas identificadas com o marcador "Janeiro"***
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