domingo, julho 18, 2010

PERTURBAÇÃO

Não consigo dormir.
E outra vez fico ouvindo os sons que invadem minhas cavidades auditivas. 


Histórias sobre excesso de tecnologia me perturbam, pois me sinto obrigada a ser toda essa tecnologia só por se jovem. 


Não consigo dormir de novo


Há anos eu não sei o que é ter uma noite de sono, de fato. 


Sinto como se algo de extrema importância estivesse prestes a acontecer, como em todas as outras vezes que não consegui dormir. 
Em todas as outras vezes fui enganada pelos sons da rua. 


Mas talvez desta vez eu esteja certa. 
Hoje é dia 31 de dezembro do ano de 2009, então é óbvio que algo importante acontecerá em breve. Mas não chega a ser extremo porque é consequência. 
E esse fato que é importante mas não extremo e acontecerá em breve, marca pra mim o fim de um período e o início de outro. Isso sim será extremo. 


O fim da adolescência e o início da vida adulta. 
Sobre a adolescência, sem comentários. 
Sobre a vida adulta, nada a declarar.


Apenas um fato não mudará: o fato de que não consigo dormir, independente da idade que eu tenha. 


Idade são apenas números que se não puderem ser lidos não farão sentido algum. 
Já os sons podem ter pra cada pessoa um interpretação diferente. Mas à mim esses sons só dizem que não consigo dormir. Dizem que meu corpo é uma bomba cheia de um liquido vermelho e gosmento, mais vivo que qualquer coisa em mim. Dizem que as paredes me prendem e que um dia, o dia que meu corpo explodir, elas prensarão também a minha alma nesses tijolos. 


Talvez seja por isso que eu não durma. 
Pelos rangidos que essas paredes fazem todas as noites e que somente eu consigo ouvir. Rangidos das almas dos corpos que explodiram porque não conseguiam dormir e ouviam os sons da rua. 


Mas não preciso dar ouvidos a nada disso porque toda vez que a luz azul da aurora bate na minha janela, eu adormeço. 
Não é um sono feliz, tampouco tranquilo. 
É apenas um sonho.